sábado, 20 de agosto de 2011

Gestão Estratégica para Maximização das Receitas dos Clubes


Caros Amigos,

Venho lendo muito a respeito de estratégias de sucesso no universo dos clubes de futebol, principalmente na tendência do que se discute no momento, atrair os adeptos dos clubes para maximizar as receitas, interessante é perceber que tudo isso parte de conceitos ditos "novos" em nosso esporte, mas que já vem sendo cultivado a muito nos países europeus.
Enxergo que infelizmente, o futebol brasileiro é sem dúvidas um reflexo da cultura administrativa de outrora, muitas vezes burocrática, com estruturas organizativas pesadas e um amadorismo cego de quem gere com a paixão acima da razão em muitos momentos.
Podemos considerar isso um paradigma ultrapassado e que faz o nosso futebol estar tão atrasado em termos de gestão, salvo (felizmente) alguns exemplos em que este paradigma foi substituido pelo que muitos autores classificam como a tábua de salvação do esporte moderno: a viabilização dos negócios esportivos, fruto de uma gestão voltada para a responsabilidade com o dinheiro a ser investido, digo controle dos gastos, da profissionalização dos organismos responsáveis pela administração destes clubes, e muito também, pela maximização das receitas através por exemplo, de uma política voltada para os torcedores, (tríade proposta por Leoncini e Silva (2005) em um de seus estudos).
Interessante é observar que políticas de abordagem dos torcedores são estas, impregnadas de conceitos que muitas vezes revelam o desconhecimento dos gestores do perfil de seus "clientes", ou aquelas feitas exclusivamente para que estes "comprem" seus bilhetes pros jogos e estejam presentes nos dias das partidas para dar ideia de uma campanha de sucesso junto aos seus simpatizantes. Pergunto: será tão simples assim o caminho!? visitei o blog do Erich Betting que tão bem levantou essa reflexão e que apresenta alguns dados estatísticos interessantes sobre a realidade dos clubes brasileiros, no que diz respeito a política voltada para seus torcedores, ou pelo menos na tentativa deste times de atrairem os sócios-torcedores.
Acredito que o caminho pode estar na estratégia correta para cada tipo de torcedor, fato que muitos podem considerar óbvio, mas o que parece tão claro, mostra também a fragilidade das escolhas feitas pela falta de algo mais simples ainda, a identificação do perfil dos torcedores, do significado das cores, da paixão, dos desejos, das vontades, das carências e do que esperam os torcedores dos clubes, e saber utilizar esse "diagnóstico" a favor de uma causa, a maximização de suas receitas.

Thiago Santos

terça-feira, 26 de julho de 2011

Por que eu escolhi a educação física?

Neste início do semestre como é de costume, esta pergunta está sempre presente, principalmente nas turmas iniciais, buscamos sempre fazer essa reflexão com todos, agora mais ainda, afinal, são quase 200 alunos ingressando no ensino superior, optando pelo curso, investindo tempo, desejos, sonhos...
Apesar de simples, tal questionamento é recheado de significados, talvez essa seja a pergunta que eu me faço todo dia, principalmente porque, gosto da resposta que encontrei pra mim...
Variadas foram as dos alunos, "gosto de praticar esporte", "sempre me identifiquei com o curso", "há uma carência de profissionais na região", "já dou aulas e preciso da formação"... outras são menos empolgantes, mais duvidosas, como se um grande ponto de interrogação estivesse sendo carregado nas costas, "foi a oportunidade que tive", "queria fazer enfermagem mas educação física é a minha segunda opção", "não sei ainda, espero descobrir ao longo do curso"...
É engraçado como essas coisas acontecem, até pouco tempo atrás, sentado nas carteiras da faculdade, olhava para os meus professores que diziam: "quem ainda não sabe porque está aqui, trate de saber, do contrário, só irão passar pela Universidade, como muitos já fizeram e hoje estão por aí, sem saber ainda o que querem da vida"... Esses "puxões" de orelha talvez serviram pra que buscássemos entender melhor o que fazíamos alí, naquele espaço, naquele curso... Ao passo que diziam isto, nos seduziam com os encantos do "ser" educador físico, cada um do seu jeito, com sua paixão pelo que faziam... Tenho certeza que é isto que me faz valorizar cada resposta destes alunos, para aqueles que gostam, trabalham, pensam e sonham que a educação física pode modificar suas vidas, fica o exemplo e a certeza disto... para aqueles que ainda não sabem se ela é capaz de fazer isto, não se preocupem, vocês verão que esta é sem dúvidas uma daquelas verdades incontestáveis que a gente vê e crê...
Quanto a minha resposta, aquela a que me referi lá no início do texto... ela é a mais simples e a mais importante que encontrei na vida, tudo que eu tenho, sou e aprendi eu devo a educação física.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Um bom texto para reflexão...

Amigos, vale a pena conferir este texto do Professor Rogério Reis... O título é: Cola, onde está o problema? Trata de uma questão fundamental no processo de aprendizagem.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Futebol e Sadismo

(texto extraído da obra: Futebol Levado a Riso: Lições do Bobo da Corte - Rubem Alves, Ed. Verus. 2006)

Eu nunca fui bom de bola. Por isso  foi uma supresa quando recebi um telefonema: 
- É o Rubem Alves?
- Sim.
- Sou repórter. Meu jornal está fazendo uma pesquisa. Seu nome foi um dos escolhidos para responder a uma pergunta sobre futebol.
- E a pergunta qual é - Perguntei.
- É a seguinte: Acha que o time do Brasil deve jogar futebol eficiente e feio que faz gols ou jogar futebol bonito que é arte?
Suspirei aliviado. Não entendo de nomes e detalhes, mas sobre essa pergunta tenho opiniões precisas, que comecei a formar quando uma paciente me fez uma observação surpreendente. A gente falava sobre humor e desenhos animados. Ela chamou a minha atenção para o fato de que, nos desenhos, a gente só ri em situações sádicas. É quando Tom cai na piscina vazia e se quebra como se fosse vaso. Ou um piano lhe cai em cima, e ele sai andando feito caranguejo. Ou quando o rolo compressor o transforma em panqueca. Desenhos bonitinhos e bonzinhos como os dos Smurfs não fazem rir. Para haver o riso, é preciso que o vilão se ferre.
É claro que a gente sabe que, depois de se partir em mil cacos, o Tom vai reaparecer, na cena seguinte, forte e mau como sempre, sem apresentar quaisquer sinais do sucedido anteriormente. [...]
Desde então fiquei brincando com a hipótese de que a alegria do futebol é parecida. Ela acontece quando a gente tem a chance de realizar o desejo sádico sobre o adversário, que é sempre o Tom da estória.
- Agora veja: o jogo foi pura arte, um maravilhoso espetáculo de balé! Os passes sob medida, as fintas geniais, as articulações com a precisão de teoremas, a técnica dos jogadores, semelhante a de Nureyev. Só que terminou 0 a 0. Você acha que os torcedores sairão pela rua cantando e gritando: "que bonito foi! que bonito foi!?"
- Claro que não - ela respondeu.
- Pois é - continuei -, ninguém assiste futebol para ter experiências estéticas. Quem quer ter experiências estéticas vai ao teatro. A gente assiste futebol para a indescritível felicidade de ferrar o adversário e fazê-lo sofrer. Pois você há de concordar: o que é felicidade pra quem faz, é dor para quem leva.[...]
Fazer um gol contra a Suécia pode dar prazer, mas o prazer não é muito grande. É um povo tão bom, tão branco, tão louro, tão simpático. A gente não tem nada contra eles. Melhor seria não fazê-lo. O que não é o caso da Argentina. Ah! Que prazer divino é fazê-los sofrer, especialmente sabendo que eles pensam o mesmo da gente. O prazer do gol contra a Argentina vale cem vezes mais o prazer de um gol contra a Suécia. Um gol da Argentina dói também cem vezes mais [...]
Futebol-arte só é bonito quando o time da gente está ganhando e serve para humilhar ainda mais o adversário. Quem diria que o gozo do futebol tem a ver com a realização de impulsos sádicos e perversos? 
Mas tenho que terminar esta crônica. O Brasil joga daqui a pouco. Tudo já está preparado. [...] Vou sofrer e gozar. Mas sei que no final, todos os Toms ressuscitarão. Ressurgirão, belos e lampeiros, em seus uniformes brilhantes na próxima Copa, como se nada tivesse acontecido. Tudo é desenho animado.

(Rubem Alves é pedagogo, poeta, filósofo de todas as horas, um dos intelectuais mais famosos do Brasil.)